
Apesar de magista, sou uma pessoa muito cética quando se trata de manifestações da magia, mas isso mudou drasticamente após alguns trabalhos realizados pra Saturno. Quando você vai fazer magia, e de repente sua vida vira de pernas pro ar, terminando com uma explosão bem na sua cara, quase lhe queimando por inteiro, você começa a repensar as coisas.
Como já disse em uma postagem, tenho vários problemas psicológicos, e alguns deles começaram a pesar bastante. Ouvi uma sugestão de trabalhar com a esfera de Saturno e o arcanjo Cassiel, pois poderia ceifar algumas destas coisas que já não me servem mais. Me pareceu sensato, e embarquei no rito.
É interessante como as vezes somos levados a fazer ritos e não compreendemos os motivos disso. É como deixar uma trilha de biscoitos pra um cachorro. Ele adora biscoitos, e vai meio que sem pensar atrás disso. Na minha ingenuidade, talvez eu tivesse uma morte simbólica de comportamentos negativos. Embarcado no primeiro rito, logo me foi sugerido no rito que eu realizasse mais alguns ritos. De repente, estou no meio de uma operação mágica e não fui informado.
Operações, na magia, são trabalhos magísticos realizados com vários ritos, com um ou vários propósitos específicos. É como se você criasse uma egrégora particular envolvendo a sua demanda, e trabalha em cima disso. Aceitei o conselho que veio no rito e comecei então a embarcar nessa jornada.
Porém, cada rito me apontava pra ordem que eu pertencia, me fazia ver vários problemas que estavam lá, e eu ficava meio perdido. Estou pedindo auxílio com uma questão emocional, e de repente estou tendo reflexões sobre esta ordem que pertencia? Nós, em nossa pequeneza, temos dificuldades as vezes de compreender os movimentos dos seres superiores.
Rito após rito, prática após prática, fui sendo levado a confrontar questões extremamente delicadas sobre minha existência. Fui levado a perceber que estava esgotado psicologicamente com várias atribuições desta ordem, que estava vivendo em função dela, e que as questões que estava querendo trabalhar surgiam inclusive desse excesso de trabalho e responsabilidades. Fui levado a confrontar minha limitação, e perceber que estava dando passos maiores do que minhas pernas.
É impressionante como a espiritualidade nos faz enxergar aquilo que não vemos, e cria soluções onde elas não existem.
Como último trabalho, me foi sugerido fazer uma entrega, que é deixar elementos em meio a natureza, como uma forma de deixar aquelas energias ali. Eu já estava extremamente ansioso e cansado por tantos ritos, por tanta mudança, por tantos questionamentos sobre minha vida. Trabalhar com Saturno me parecia cada vez mais árduo. Morrer dói.
E foi nesta entrega que a coisa quase deu muito errado. Em meio a meu esgotamento, não arrumei direito a pólvora que usaria pra colocar fogo na entrega, como ato de libertação dessas amarras. E foi aí que a coisa explodiu na minha cara.
Eu vi essa cena em câmera lenta. O fogo, todo jogado pra cima de mim, me fez só ter um pensamento: “É, eu morri”. De repente quando me percebo, eu pulei e nem vi, escapando das chamas. Reuni forças, e saí daquele lugar sem olhar para trás, como sempre fazemos em trabalhos de entrega de negatividade. Tremendo por dentro.
Desse evento, apenas deixo uma frase de seu Exú Caveira. “Quando se trabalha com a morte, você pode ver ela bem de perto”.
Magia move energias, que vão se manifestar na matéria seguindo seus contornos. Cuidado com o que pede. Alguma força pode lhe ouvir, e lhe trazer exatamente aquilo que você pediu. Aprendi uma grande lição com este evento, que é a de que a magia não é brincadeira. Ela move forças, nos colocando onde os seres superiores desejam.
Hoje estou bem. A operação foi muito bem sucedida, me libertando de vários problemas na minha existência. Mas quase morri com pólvora explodindo na minha cara. Magia sempre cobra seu preço.