
Seguir outro humano como se fosse um semi-deus nos leva a um estado em que jogamos em outra pessoa as expectativas que temos sobre nós mesmos.
Criamos anseios, desejamos ser diferentes, e entendemos que a jornada do outro pode abreviar a nossa, pois vemos muita luz e somos atraídos como moscas numa carona perigosa.
A proporção de luz é a mesma de sombra. Se vemos a luz projetada à frente, é preciso compreender as sombras que não são percebidas atrás. Muita luz começa, inclusive, a derreter a máscara de cera, revelando a frágil humanidade por detrás da figura angélica ou demiúrgica que projetamos no outro.
Nessa imagem acima vemos na obra de Tatiana Blass, um homem de cera exposto à luz intensa e que vai se derretendo aos poucos até o fim de sua instalação artística. Esta obra ilustra bem o quanto a imagem de gurus, sacerdotes, coach’s, artistas, amores, pais, e demais ídolos em que projetamos um ser divino e alado, podem ser apenas asas de Ícaro, de cera, que não suportam um pouco mais de luz tiférica, solar e nos derrubam de alturas estratosféricas.
O quanto estamos aptos a suportar nossa própria humanidade a ponto de não precisarmos encontrar no outro, o Deus que gostaríamos de despertar em nós?
Malone
Reflexão feita a partir da publicação nesse site, sobre a desilusão de David Bohm com Krishnamurti, quando viveram no Brasil, por Carlos Cardoso Aveline.