
Do alto vejo o mundo, estou preso em um galho
Dúvidas me assombram, o que irei encontrar adiante?
Balanço em minhas ideias, ora acerto, ora falho.
Me dou conta de que sou árvore, estou nela nesse instante.
Vejo folhas que me dão ar, sinto seiva que me nutre
Há galhos que se esgueiram, rasgam o vento
Recebem pássaros diversos, até mesmo um abutre
Lembro das minhas raízes em meu pensamento.
Há frutos que me protegem, guardam com acerto
E vários projetos, ideais, esperando o propício momento
Sou semente, e da floresta o poder carrego perto
Se plantado concretizo todo o empreendimento.
No tronco sinto o balanço, rebolo no ar
O jogo de soltar, mexer, deixar cair
Me atiro ao chão e vejo que irei brotar
No ventre da terra me deito, solto, deixo ir
E de toda a expectativa havida agora, só terra nua
Sinto o recomeço, na mente a vida pulsante
Toda a ilusão deu lugar à verdade que não atenua
Meu propósito encontrou morada, no fluxo incessante.
Os projetos são assim, nascem em meio ao caos
É preciso balançar, deixar cair e confiar
Só na morte e escuridão, ideias são como naus.
Saem do porto seguro atravessam o limiar.
Para concretizar o que se quer, se almeja
É importante se perder, permitir-se bagunçar
Nem só de galhos vive a semente, com certeza
Mas na terra escura e fria é que entendemos: ser mente é plantar.
Malone