Anfisbena

A árvore do bem e do mal
Da contrariedade se alimenta
Só branco e preto, o dual
Nada de cor, nem mesmo cinzenta

Uma cabeça deseja
A outra tenta entender
Nenhuma sabe o que almeja
Perdidas no proceder

Ambas se digladiam
Tentam se convencer
Sem amparo se anuviam
Se devoram, sem se ver

O desejo fala alto
Tanto, que não ouve
O pensamento incauto
Não entende o que houve

Somente quando se unirem
No deserto de agonia
As cabeças juntas virem
Um uníssono sem fobia

Reptilianos que somos
Vagando no deserto da vida
Olhamos para o que fomos
Caminhamos rumo à saída

Aprendemos a olhar além
Para as cores havidas
Acima da dualidade
Entramos na árvore da vida

Os desejos não ditam 
São ouvidos e atendidos
Suas demandas que gritam
Se arrefecem os pedidos

A consciência aparece
Gerindo a reatividade
Devoram ambas em prece
Juntas em cumplicidade

Para vencer o deserto
É preciso auto controle
Conhecer-se com acerto
Que cada nó desenrole

A luz interna se acende
E o medo se esvai
Nosso eu elevado ascende
O comando do ego cai

E assim a serpente se enrosca
Subindo as esferas da cabala
A seta alcança a mosca
O alvo é feito, a mandala

Porém não há nada certo
O caminho nunca está pronto
Mas sempre nos temos por perto
Somos a luz no confronto

Se sou serpente não sei
Me abraço e me enrolo em mim
De não me aceitar cansei
No deserto sou pé de jasmim

Malone

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s