
Quem sou agora
ao fim desse verso
não serei mais
Nem mesmo o anverso
Aquele que chora
Depois de um mês
Por outros motivos
sorrirá outra vez
Um fruto que verde
Agora é maduro
Apodrece amanhã
Ao lado do muro
A criança brincando
Adolesce na escola
E adulto faz compras
Idoso, leva a sacola.
O tempo que passa
E que nunca se move
Transmuta o que é vivo
E também o que morre
A magia da vida
É do tempo, a gaiola
Que tem portas abertas
Não vê, quem padiola (*)
Lavo as mãos com as horas
Solto minutos, entre a pia
Vejo a vida passando
Sou infinito, noite e dia.
Malone
(*) padiolar – fenecer, adoecer, desmaiar, perder a consciência, precisar ser carregado/a. Termo usado no triângulo mineiro.