
Veja, há uma chuva de meteoros, disse o menino sonhando com o que iria contar na escola;
São só pedras que avoam, disse o matuto mal humorado;
Asteróides cuja camada gasosa deixa o rastro luminoso pelo atrito, disse o professor tentando se gabar;
O brilho dos seus olhos escapou pelo céu, disse o apaixonado tentando ganhar um beijo;
Quero fazer um pedido! Responde a moça pensando em ser alguém, em se encontrar;
Quantos rasgos no pano, do véu do céu! Exclama espantada a idosa simplória pensando em suas agulhas;
Vejo um bom presságio! Disse o benzedor lembrando do que ouviu quando criança;
É o fim de todos nós! Apavorado, o dinossauro gritou antes do extermínio;
O Grande Deus do fogo vem nos visitar! Disse alegre o australopitecus;
Poderemos encontrar terra e água pura! Ao mirar na penumbra, alerta o marinheiro, da gávea;
Migram perto de vênus em áries, comenta a astróloga;
E assim cada um a seu modo, em seu mundo, observa e contempla a si mesmo olhando o cometa que se derrete na camada terrestre, vendo suas soluções, medos, sombras e lampejos.
O meditante absorto nada diz nem pensa, só olha, se vê calado ali, no movimento dos astros, o movimento dos seus pensamentos, vindo e indo, e ele fica, aqui, agora, só com o brilho dos cometas, sem se perder, se encontra em seu vazio, pleno.
🌌 Malone
Imagem: Reprodução/fillthewell
Showwwww
CurtirCurtir