
Quando vai decolar o avião
ficamos um tanto inseguros
perdemos a firmeza do chão
a turbulência nos deixa no escuro
Ficamos presos num cinto
o ouvido sente a pressão
a atmosfera mudou, pressinto
o tremor é na nave ou na mão?
Quando mudamos de idade
a criança cede ao adulto
quando o que muda é a cidade
novo amigo ainda é oculto
A insegurança do voo
é a mesma de quem dá adeus
à infância e sente o enjoo
de não ser nem diabo nem deus
É um quase lá e ainda não
essa história de adolescer
de não ser mais quem era até então
nem de ser o que quer parecer.
Na igreja, centro ou no culto
bocejamos ao terminar a palestra
muda a “vibe” sem nenhum tumulto
decolamos para outra fenestra
É assim sempre que saímos
de um estado e para outro vamos
pensamos que decaímos
mas estamos é criando ramos
A água ferve e evapora
o gelo esquenta e pinga
a transição não se demora
se soubermos ter certa ginga
Os amigos antigos se foram
para dar lugar aos que vêm
as forças se revigoram
quando se aceita o que tem.
Aperte o cinto, vambora
viajar na jornada da vida
acima da nuvem é “da hora”
a turbulência já foi resolvida
Malone
Toda quarta-feira no grupo do telegram tem sarau de poesias.