
A fumaça sobe faceira
A visão fica enevoada
A mente distorce as maneiras
O corpo, a barriga enjoada
A seda queima em brasa
A conversa flui animada
Estou fora, me sinto em casa
Quente dentro, fora a gelada
Amizades que se encantam
Conexões que se fazem do nada
Gostos, aroma de planta
Na correria a parada
A música toca a lembrança Na água o tiro, nada Evoca de dentro a criança Desperta quem estava calada
Vertigens que surgem no ar Tontura que eleva o ser Melhor calar que falar Deixar o sentido crescer
Um gole, amargo, um trago
A sopa, salada, confusa
Não solto, não entrego
Silêncio de prosa profusa
A noite desce profunda
Termina a senda do dia
A lua que não está rotunda
Cresce, torcendo, tardia
Anoiteço, desperto, sou noite
Desligo o controle, prisão
Me solto, me livro do açoite
Me aceito, amanheço, solidão
Gosto do que sinto, não minto
Sou eu comigo, um amigo
Em paz com quem queimo, absinto
Fumo que esvai, o castigo
O som que se cala e fala
Comigo com quem for ouvir
Abracadabra, abrala
Solte-se, deixa fluir.
Malone