
Eu me deito e adormeço, a escuridão me cobre
Me vejo parado, estático, sem nada fazer, a não ser estar
Há a sensação de estagnação mas percebo o movimento, nobre
Há crescimento por dentro, ideias criam ramos, de par em par.
Estes ramos brotam dos pés, do corpo, das mãos
Saem desembestados, buscando o fundo e não a luz
Se espalham pra todo lado, me grudando mais ainda no chão.
Me sinto preso, morto sem ação, um pedaço de alcaçuz.
Indo abaixo só me afundo imagine o desespero
Me atravanco mais e mais, sem esperança de ver o dia.
Mas eis que o tormento desses ramos dá lugar ao esmero
Há um broto apenas que acima vai, subindo, que alegria!
Busque a luz e viva dela, ó ramo abençoado!
Seja tronco, dê seus frutos, solte folhas e me dê sentido!
Agora compreendo tudo, acabou aquele estado.
Pra ter luz e propósito, preciso antes estar contido!
Sim! É algo estranho e contraditório.
Pra subir precisar descer, pra crescer e viver, antes morrer.
A vida é assim, movimento e estagnação, nada aleatório.
Expansão e contenção, em equilíbrio na espiral do viver.
Compreendi um pouco mais, agora, da minha sina.
Sendo árvore enraizando, um pesadelo deu lugar ao sonho
Sei que pra ser grande e conquistar o céu, a grandeza divina,
Preciso antes descer ao inferno, sem precisar, com isso, ficar tristonho.
Malone
No grupo do telegram tem mais poesias, toda quarta-feira tem #saraumalonico.