
Dar a mão a quem pede é algo nobre. Poder estar à disposição, vestir a camisa e auxiliar um querido, amigo, irmão. Sempre faz bem a quem recebe e a quem dá.
Mas ouvir a real necessidade do outro, mesmo que não verbalize, e dar o que é pedido de fato, e não o que julga ser bom, é mais importante que a própria ajuda.
A doação e a recepção precisam ocorrer na mesma proporção: quem doa precisa estar com a mesma aptidão para entregar do que quem toma o que é dado tem de aptidão para tomar.
Se ajudo sem que tenham me pedido ou sem ouvir o que de fato se pede, corro o risco de prejudicar ao contrário de ajudar.
Na ajuda não há verticalidade, não há um que sabe e outro ignorante, nem um abastado e outro depauperado. Ambos se veem como iguais em momentos distintos. Logo a situação muda e podem trocar de lugar sem que fique peso para nenhum deles.
A ajuda é algo que nos enobrece. Quem pede aprende humildade em reconhecer no outro um apoio, e em si mesmo alguém capaz de apoiar. Quem oferece não julga, e apoia sabendo que também precisará.
Ajudar é troca. Troca equilibrada e justa. Se não for perde o sentido de ajuda. Um X com braços iguais e equidistantes, tal qual o que fazemos antes de assinar contratos. A ajuda é leve para ambos, e todos sentem seu peso.
Malone
Música: Gibu, Wardruna.